“Havia
noites em que seu companheiro queria que ela partilhasse de seu prazer, no
entanto para vê-lo satisfeito, simulava um gemido de prazer, uma movimentação
agradável de vai e vem onde quem ficava mesmo completo era Enzo, seu namorado e
amante de vários anos. Ana não conseguia sentir no corpo o clímax do momento,
ficava frustrada pois alguma coisa faltava, não sabia direito o que era no
início, mas com o passar do tempo e com conversas ao pé do ouvido com outras
mulheres, veio a saber que o não tinha era orgasmo. ”
Assim como Ana, muitas
mulheres jovens e adultas, apresentam essa dificuldade. Na verdade, por muito
tempo (anos) o sexo ficou restrito a gerar filhos, com isso quem tinha prazer no
preceito era o homem, a mulher nada sentia a não ser a vontade incutida na
obrigação do ato. Esse pensamento de que
sexo só para reprodução começou a mudar no final
do século XIX e início do século XX, quando estudiosos da psicologia e da
sexologia começaram a espalhar pelo mundo que fazer sexo por prazer era saudável
e positivo.
"[...]que nos permitem pensar atualmente em uma sexualidade autonomizada e, em alguns casos, totalmente desvinculada da reprodução, isto é, em uma sexualidade dirigida exclusivamente ou primordialmente para o prazer, sob o controle cada vez maior e mais invasivo da medicina.
Como a sexualidade masculina já era parcialmente desvinculada desse processo, o trabalho ideológico de construção dessa autonomia, levado a cabo principalmente pelos médicos durante o século XIX, e notadamente por Freud (1936, 1962) no século XX, se fez, segundo Laqueur (1990), principalmente em torno da discussão sobre a sexualidade feminina. Supunha-se, até então, que o orgasmo feminino era uma parte rotineira, mais ou menos indispensável, da concepção. A partir de então, o prazer feminino desaparece dos relatos médicos sobre a concepção, o que acontece na mesma época em que o corpo feminino veio a ser entendido, não mais como uma versão inferior do corpo masculino (o modelo do sexo único), mas como seu oposto (o modelo de dois sexos). Os orgasmos, até então propriedade comum, foram diferenciados. ” (Sexualidade e medicina: a revolução do século XX por Maria Andréa Loyola)
Mas, devido ao tempo de reclusão, as mulheres ficaram marcadas em
sua sexualidade. Até os dias atuais muitas ainda sentem vergonha de buscar o
orgasmo frente ao companheiro, sentem constrangimento em se masturbarem e de
darem sinal de que estão sentindo prazer, isso porque dentro delas ainda há o
sentimento de estarem cometendo algo errado. Esta situação gera conflitos em seu interior porque mesmo querendo experimentar algo intenso, se sentir
completa como mulher e dar prazer ao seu parceiro pela transa gostosa, ela
se sente constrangida. E com esse pensamento não tem como chegar ao clímax.
O que fazer então?
Primeiro, no meu ponto de
vista, cada uma deve mudar seu ponto de enxergar o ato sexual e a sexualidade.
Não há nada de errado em se ter prazer numa relação, em ficar sem pudores em
uma cama e em demonstrar isto para seu parceiro. Também não há nada de errado
em assumir que algo está errado e que precisam rever o ato, fingir para o outro
ficar bem não é saída! É normal ter dificuldades. Tudo precisa estar
esclarecido para que juntos sintam o momento.
Outro fator importante é a mulher se conhecer, se tocar, para depois se permitir o toque. Não importa como você é, você é você e ninguém mais pode ser por você, então se valorize, se ame, não importa o que dizem os outros. Já participei de palestras sobre a sexualidade feminina e isto é sempre aconselhável, sempre tive curiosidade a esse respeito e vejo o quanto muitas ainda sofrem ou até mesmo são frustradas como mulheres por não se sentirem completas. É muito relevante saber seus pontos e pra isso é preciso se tocar, se deliciar em si mesma, ter prazer em se olhar, se sentir, elevar sua autoestima.
Outra coisa importante, é que nem
sempre haverá o orgasmo, prazer também inclui só sentir o instante.
E se mesmo assim as
dificuldades continuarem e se você se sentir sozinha para ultrapassá-las,
faz-se necessário, então, a busca profissional. Eu aconselho um psicanalista, ou
mesmo um psicólogo de confiança, alguém que a ajude a superar tais problemas ou
traumas, pois ao falar de si mesma fica mais fácil encontrar o porquê e a
solução, garantindo assim, uma vida mais saudável e prazerosa.
Não fomos feitas só para reprodução! Do contrário não haveria o orgasmo feminino. Somos humanas, acima de tudo Mulheres!
Obs.: A vida é curta, aproveite a sua sendo quem você é de fato!
Beijinhos.
Gostei de te ler!!
ResponderExcluirResistência de um coração magoado.
Beijos e um bom fim de semana.
Obrigada, minha flor!
ExcluirBeijinhos e bom fim de semana.
Uma boa lição de sexualidade,
ResponderExcluirfazer sexo sem prazer sentir
será desilusão, não felicidade
tira a vontade de se prosseguir?
Boa noite, bons sonhos e bom fim de semana amiga Cléo Gomes.
Beijinhos.
Sim Edumanes, uma lição!
ExcluirBons sonhos para você também e bom fim de semana.
Um tema discutido com frequência, o problema são aquelas mentalidades em que o homem , caso a mulher se solte, questiona-a. No que respeita ao sexo, sou liberal, não tenho qualquer pudor e sei que todos os homens gostam disso. Existem mulheres que sentem vergonha do seu próprio companheiro... Acho isso muito mau...
ResponderExcluirTem esse lado também, Pink. O homem pode pensar mal de uma mulher mais solta. Eu aconselho a ir devagar, como se fosse o primeiro, assim acredito que não haverá questionamentos.
ExcluirBeijinhos
Um excelente e esclarecedor texto de que gostei de ler, aproveito para desejar um bom fim-de-semana.
ResponderExcluirAndarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Sim, Francisco, busco sempre esclarecer algum assunto de interesse.
ExcluirBom fim de semana.
Beijinhos.
Já que você tocou nesse assunto, vou te fazer uma pergunta.
ResponderExcluirAs mulheres também fazem da masturbação um hábito?
Vi um vídeo no Youtube falando sobre sexualidade feminina e algumas mulheres relataram "vício" em masturbação nos comentários e relataram que só chegavam ao orgasmo assim.
Acho que a maioria dos homens enxergam as mulheres como menos suscetíveis a isso, mas parece que esse vício não é tão raro.
Acredito que quando se estar sozinha nada impede uma mulher de se tocar, isso pode virar um hábito. Não há nada de errado nisso. Talvez o problema esteja em a mulher não ficar à vontade perto do parceiro, depende muito da situação em que estão.
ExcluirObrigada pelo comentário.
Homens egoístas que apenas se preocupam com o seu próprio prazer.
ResponderExcluirBjs
A verdade é relativa, mas a meu ver, concordo com você. Muitos homens são egoístas sim.
ExcluirBeijinhos 😘
Gostei de ler esta sinopse, Cleo.
ResponderExcluirEu tive sorte de ler dois bons livros antes de casar.
O meu abraço
~~~~
Ler e internalizar a leitura é muito bom para evoluirmos!
ExcluirAbraço e beijinhos.
Um texto interessante... Pena que, às vezes, as mentalidades sejam fechadas e consideram isto um assunto tabu.
ResponderExcluirObrigada pela partilha e pela visita
Beijos e abraços
Marta
Marta, o tabu ainda é grande, mas sonho com o dia que tudo será mais fácil para as mulheres.
ExcluirBeijinhos.
A reprodução não se pode sobrepor ao prazer.
ResponderExcluirMagnífico texto.
Cleo, continuação de boa semana.
Beijo.
Com certeza, Jaime.
ExcluirObrigada.
Beijinhos.
Boa tarde, Cleo
ResponderExcluirGostei do seu texto.
Agradeço a gentil visita.
Obrigada por seguir meu blog.
Um carinhoso abraço de
Verena.
Verena, seu blog é muito gostoso e isso me cativa.
ExcluirObrigada por vir e deixar seu comentário.
Beijinhos.
Cleo, você já disse que sua vida sexual ficou melhor com o passar da idade.
ResponderExcluirVocê considera que essa melhora aconteceu fundamentalmente pelo melhor conhecimento do seu próprio corpo, das posições que te dão prazer etc, ou você acha que o que pesa mais é o desempenho do homem?
Pergunto isso pois a responsabilidade do prazer feminnino muitas vezes fica apenas como sendo do homem, nem sempre a mulher ajuda muito nesse processo.
Muitas vezes a mulher pouco interage, fica a espera de homem que saiba tudo e tenha um órgão e um desempenho acima da média e acho que isso não é mais justo.
Olá, anônimo! Bem-vindo mais uma vez aqui.
ExcluirA melhora acontece com o conhecimento do próprio corpo e, claro que, com a interação fica melhor.
Quando se tem a química entre ambos um ensina ao outro o se entendem bem, não devemos pôr a responsabilidade em ninguém, cada um tem seu papel.
Até...