Inclusão - Uma Realidade que os números não mostram

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  O ser humano é um ser único com o seu conjunto biológico e seu contexto social. A diversidade humana é bastante rica e, ao mesmo tempo, pode ser complexa, principalmente, quando a característica da diferença que tratamos é uma deficiência. Por mais que evoluamos com tecnologias avançadas o olhar para uma pessoa "diferente” continua existindo. A diversidade humana com todo o seu diferencial é bem discutida no meio educacional nos dias atuais e, segundo Mantoan (2003) “ está sendo cada vez mais desvelada e destacada e é condição imprescindível para se entender como aprendemos e como compreendemos o mundo e a nós mesmos” . No entanto, a maioria das instituições brasileiras não está preparada para trabalhar com as diferenças de uma deficiência. Buscam apoio nas secretarias de educação que devido à falta de estrutura e de pessoal, na maioria das vezes, não conseguem suprir as necessidades de suas unidades escolares que lançam sobre os professores a responsabilidade de arcar com os al...

Devasso Coletivo




Andando em um coletivo no centro do Rio de Janeiro, fiquei a observar todas as pessoas que minha vista podia alcançar, as donas de casa estendendo roupas, as crianças correndo de um lado para o outro, trabalhadores na correria para o trabalho, os automóveis conversando em uma competição mútua pela chegada a um ponto qualquer, casas pedindo socorro pelo estado crítico que se encontram, ruas gritando chuva pelo ardor do sol em sua superfície, cachorros a míngua, passageiros dormindo e eu ali... assistindo a tudo isso. 

Confesso que meu coração palpitava de satisfação pela vida que vivo. Entretanto, mesmo em plena movimentação meu instinto estava acordado. Fixei o olhar em uma mulher que o seu comportamento demonstrava algo diferente, fitei meu olhar sobre ela e percebi que seu corpo transparecia algo além do que os olhos podiam ver. Seu ego parecia manter um monólogo interior querendo entender o porquê que mesmo na turbulência de uma cidade grande e no calor que estava naquele momento sua vontade naquele instante era um desejo incontrolável de satisfazer seu instinto. Era visível sua vontade. Com tantas distrações, com tantas atrações, com tantos tantos seu instinto gritava por satisfação.  Não pude deixar de perceber sua inquietação. De repente, no meio da multidão de cabeças surgiu alguém que foi de encontro a ela.

Daí, não se ouvia mais o conversar dos automóveis, os burburinhos das pessoas, os gritos infantis... Embriagados por seus devaneios, aquele casal se esqueceu que era igual ao resto do mundo e se entregou ao seu instinto... Seus corpos caminhavam de acordo com as sinuosas ruas, a temperatura oscilava, mas não baixava, pareciam cada vez mais próximos do sol e longe da Terra... Mas, esse parecer era momentâneo, vinha e ia, ia e vinha, até que... permaneceu e a calmaria dominou a atmosfera e a rotina retornou no grande centro carioca e eu voltei à realidade daquele devasso coletivo.

Confesso que fiquei um tanto instigada com a situação, mas com a volta à realidade da correria do Rio, eu logo me compus.








Comentários

  1. Essas coisas chamam mesmo à atenção, e as vezes incomodam.

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  2. Bom dia, Olhar, apreciar, criticar o movimento, gestos e atitudes, é uma aprendizagem continua, assim, é possível corrigir alguns movimento automatizados menos agradáveis.
    O texto é perfeito até a chegada do casal que desviou a atenção do resto.
    Feliz fim de semana,
    AG

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    1. Olá, AG! Sim, verdade, a observância nos permite a autocrítica.

      Obrigada por vir e ficar!

      Bom fim de semana.

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  3. Nada mais rico que sairmos de nós para ler os outros, muitas mensagens se passam! Beijo "flo"

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    1. Sim, Pink! As pessoas, as imagens, os fatos nos passam muitas mensagens!

      Beijinhos... ;)

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  4. Boa tarde. Um texto maravilhoso. Parabéns :))

    Hoje:- Serenata, ao som da natureza encantada [Poetizando e Encantando]

    Bjos
    Votos de um óptimo Sábado.

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    1. Linda, Larissa! Obrigada, minha linda!

      Beijinhos... ;)

      Bom fim de semana.

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  5. Belo texto bem escrito,
    que eu muito gostei de ler
    nessa, grande, cidade do Rio
    a vida, uma correria deve ser
    que seja, todavia, não duvido
    como o tempo que passa a correr!

    Boa noite e bons sonhos cara amiga Cléo Gomes. Beijinhos.

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    1. E como é, meu amigo!!!
      Obrigada pelo poema lindo e gostoso de ler!

      Beijinhos... ;)

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  6. Ainda não conheço o Rio do Janeiro.
    Será um dia ...
    Boa semana

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    1. É, meu caro, uma cidade bem fascinante!

      Boa semana pra ti também. ;)

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  7. Muito lindo sempre te ler e observar, estar atenta ao que acontece ao nosso lado, no caso num coletivo, d´[a pano pra mangas,rs... Gostei! bjs, chica,feliz ABRIL!

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  8. Há histórias que se escrevem sem palavras nos olhos de quem observa...
    Lindo...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. É só observarmos bem que as histórias aparecem, não é mesmo?!

      Beijos, flor! ;)

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  9. Fantástico o teu post...amei!

    Beijinhos

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  10. Adorei o texto. A simplicidade das coisas complexas tantas vezes ignoradas mas ali mesmo para quem saiba olhar.

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    1. Obrigada por vir, Miguel.

      Realmente, é só saber observar bem. ;)

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  11. Nem sempre é fácil estar no meio da multidão... Por instantes precisamos do sossego... da paz...

    Hoje mais que antes busco a tão sonhada qualidade de vida!

    Um abraço carinhoso Cléo!

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    1. Você está certa, flor! Eu a encontrei. Só vou ao Rio necessariamente ou para visitas...

      Abraço, amiga ;)

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  12. Um texto impecável abordando um tema interessante...
    Entre um par pode acontecer esse milagre de deixar de sentir e ouvir o pulsar e burburinho de uma grande cidade.
    Gostei muito, Cléo.
    Grata pelo comentário que deixou no meu blogue, foi um prazer conhecê-la.
    Dias muito agradáveis.
    Saudações amigas.
    ~~~~

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