Quero mudar o jeito dele (a), e agora?

O ímpeto de mudar as pessoas que dizemos que amamos parece se contrapor ao amor. Se amamos e somos amados, por que seria preciso qualquer mudança? Amar não é exatamente aceitar o Ser de uma maneira inteira, em seus altos e baixos?

É incoerente o pensamento de querer a transformação do outro se eu me atraí por ele dessa maneira. Estava lendo um artigo onde a esposa falava justamente sobre isso, que gostaria que seu marido fosse mais reservado (assim que nem ela) e que não risse tão alto, mas que o admirava por isso e que se atraiu por ele ser assim no início do relacionamento. Confesso que fiquei na dúvida do que entender, mas acho que o que a esposa tem é ciúmes, pois enquanto ela é reservada e tímida, o marido se destaca.

O pensamento de querer modificar nossos companheiros soa de maneira perturbadora porque, coletivamente, temos sido profundamente influenciados por uma concepção filosófica do amor romântico. Tal concepção diz que o principal indicador da presença do amor é a capacidade de aceitar a outra pessoa no seu todo, com seus lados positivos e negativos – e, em certo sentido, particularmente em seus lados negativos. Amar alguém de acordo com a filosofia romântica é, simplesmente, amar do jeito que ele/ela é – sem nenhum intuito de modificar a pessoa. Precisamos aceitá-la como um todo para nos sentir dignos da emoção que atestamos sentir. Do contrário, estaremos sendo hipócritas.

Estive fazendo uma pesquisa sobre o que os especialistas falam acerca da mudança e eles levam para o lado da personalidade e alegam que ela é desenvolvida até certa idade, por volta dos 30 anos, e depois estaciona. Isso quer dizer que temos até os 30 para ajustar nosso jeitinho, depois é mais complicado! Como mudar por alguém? Se não posso por mim mesmo?

Maria Elisabeth Montagna, professora de psicologia da PUC-SP diz que “Esse limite é apenas uma época em que se considera que o adulto já é independente e maduro. Dependendo da pessoa ou da cultura em que ela foi criada, a definição da personalidade pode vir antes ou depois”.

A tendência é que a partir dos 30 anos sua personalidade se congele.

Uma curiosidade:

Um estudo feito nos EUA com pessoas de 45 anos que antes haviam respondido questionários acerca de sua personalidade mostrou que os hábitos que cultivavam na velhice poderiam ter sido previstos por traços identificados na juventude: Jovens criativos e liberais tinham se tornado velhos com hobbies artísticos e que preferiam programas alternativos. E os que na juventude eram mais conservadores e centrados viraram idosos que se divertiam costurando, cuidando do jardim e vendo shows de auditório.

Por outro lado, adaptar-se é uma questão de sobrevivência e força de vontade.

O que eu quis ver com isso? Não há como mudar por alguém. O que há é uma adaptação que se consegue com a convivência, uma troca de favores, de carinho, de cumplicidade, no entanto você sempre será você e o outro sempre será o outro.

Bjim, meu amores.