Suicídio, muito mais perto do que você imagina.

"Naquela manhã, tudo parecia perfeito, até se dá conta que sua vida era um vazio. Sempre acordava, fazia seu café, saia respirando o ar fresco e delicioso da manhã, mesmo em dias de chuva deliciava suas manhãs, mas naquele dia a manhã estava nebulosa, sombria, algo a incomodava em seu interior, como já havia acontecido anteriormente, mas naquele dia estava mais forte.

Seu peito ardia e em seus pensamentos o por quê de sua vida tão sem graça pairava na mente. Não tinha amigos, só colegas, seu emprego era regado por altruímo, pois trab
alhava na área da educação, vivia rodeada por crianças pequenas e sedentas de atenção, talvez aí estivesse seu motivo de vida, porém não conseguia ver, a dor em seu peito era muito profunda. Em sua vida pessoal, nada de especial. Seus filhos não tinham vinculo com ela apesar de morarem na mesma casa, pareciam estranhos, seus parentes não a procuravam cada um tinha sua vida, seus afazeres. Ela era uma pessoa sozinha, seus monstros conviviam com ela mais do que qualquer outra pessoa. Sofria com sua dor como se fosse um câncer na alma desde criança. Não conseguia se relacionar com ninguém e ninguém imaginava que isso acontecia com ela, uma mulher linda, risonha, brincalhona, quem diria? E nesse dia em específico, apesar de trabalhar em uma instituição com crianças carentes, nada a fazia se sentir útil. Seu sentido de vida parecia ter se esvaído na sombra do dia, nada a trazia para a atmosfera vívida. Seu olhar vago demonstrava seu vazio interior. A natureza bucólica que a rodeava, as crianças que a chamavam para brincar, a saúde física incontestável que tinha, o salário bom que recebia por trabalhar em uma instituição como aquela, nada a impediu de chegar ao fim daquele dia nebuloso e encerrar sua vida em uma garagem. Muitas vezes, ela gritou em silêncio, pediu ajuda, sentou-se perto de alguém com seu olhar triste, mas ninguém a quis ouvir. Ninguém deu importância". 

Esses dias eu li acerca de um rapaz que cometeu suicídio no 1º dia do ano, Bruno Pontes, de 24 anos. Em sua carta, ele se queixa da falta de empatia das pessoas com quem tem depressão e de como se sentia um "tanto faz" para os outros. Ele também relatou que se sentou várias vezes perto de pessoas para conversar, "pedir ajuda" e não foi correspondido, que o setembro amarelo é uma farsa, as pessoas não estão prontas para ajudar as outras quando se trata de depressão. Eu concordo com ele, pois também já vivi isso. Muitas vezes precisei de uma palavra de incentivo, um abraço ou pelo menos um aperto de mão como forma de dizer "vai dar tudo certo" aguenta firme, é só uma fase, "tudo passa, isso também vai passar" e não obtive; essas expressões eu uso para ajudar pessoas em um grupo de auxílio para quem sofre de algum transtorno psicológico, porém há dias em que eu também preciso ouvir, acho que todos temos esses dias. Todos passamos por momentos difíceis, no entanto há aqueles que tiram de letra outros necessitam de ajuda.

Você pode pensar: Ah ela está fazendo drama! - Mas, ajude! Melhor ajudar e ficar com a consciência tranquila do que carregar o peso de um suicídio.  

No entanto, as pessoas estão ocupadas demais para ajudar. Espero que você leitor, esteja aberto a ajudar, não fique preso só em papel. Pratique o altruímo. Ajude quem precisa. Estenda sua mão, você pode ajudar alguém a salvar sua vida. Reflita.